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Comportamentos ofensivos na saúde: estudo avalia violências sofridas por profissionais da linha de frente


Créditos da imagem: reewungjunerr by Freepik
 
Estudo publicado na RLAE destrinchou o aumento de atitudes agressivas direcionadas aos trabalhadores da área
 
 
A pandemia trouxe uma série de consequências para a nossa sociedade. No contexto da saúde, onde os trabalhadores se tornaram verdadeiros heróis na linha de frente do combate à COVID-19, é essencial compreender os desafios enfrentados por esses profissionais em seu ambiente de trabalho. Um estudo realizado por pesquisadoras do Departamento de Enfermagem e de Fisioterapia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) trouxe à tona uma preocupação importante: os comportamentos ofensivos direcionados aos trabalhadores da saúde.

A pesquisa, conduzida pela pesquisadora Luiza Salvador Rohwedder e orientada pelas professoras Vivian Aline Mininel e Tatiana de Oliveira Sato, faz parte de um estudo mais amplo chamado HEROES (da sigla em inglês, HEalth conditions of healthcaRe wOrkErS). Seu objetivo principal era entender o impacto da pandemia na saúde dos trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS), independentemente de onde estivessem atuando, seja em hospitais ou unidades de atenção primária.

Para avaliar os efeitos psicossociais do trabalho nesse contexto, as pesquisadoras utilizaram um questionário chamado COPSOQ, que avalia os riscos psicossociais no trabalho. Esse questionário classifica os aspectos psicossociais no  trabalho em verde (situação favorável para a saúde), amarelo (situação intermediária) e vermelho (risco para a saúde). No estudo, eles focaram nas pessoas com risco de estresse e burnout. Além disso, as pesquisadoras analisaram dados sobre características sociodemográficas e laborais dos trabalhadores, bem como sintomas de depressão. Esses dados permitiram uma compreensão mais profunda dos fatores que contribuem para o adoecimento dos profissionais da saúde.

Comportamentos Ofensivos - Uma das principais preocupações foi identificar comportamentos ofensivos direcionados aos trabalhadores da saúde. Eles descobriram que 44% dos profissionais pesquisados sofreram algum tipo de comportamento ofensivo enquanto trabalhavam. Os mais comuns foram ameaças de violência (26%), seguidas por bullying (17%), atenção sexual indesejada (15%) e violência física (9%).

“Muitos desses comportamentos ofensivos foram cometidos por pacientes e seus familiares. Por exemplo, as ameaças de violência, violência física e atenção sexual indesejada foram frequentemente causadas por pacientes. O bullying, por outro lado, foi mais comum entre colegas de trabalho (48%) e supervisores (26%)”, relatou Vivian.

Impacto na Saúde Mental - O estudo também investigou se os comportamentos ofensivos no trabalho estavam relacionados ao burnout ou estresse nos profissionais da saúde. Os resultados revelaram que não houve associação entre os  comportamentos ofensivos e o estresse. 

“No entanto, identificamos uma associação entre burnout e sintomas de depressão, sugerindo que profissionais com burnout tinham maior probabilidade de sofrer comportamentos ofensivos no trabalho. Isso ressalta a importância de prevenir tais comportamentos para reduzir o risco de adoecimento mental entre os profissionais da saúde”, relatou Luiza. Os achados apontaram que o burnout aumentou em quase 5 vezes as chances de o trabalhador sofrer comportamentos ofensivos no trabalho, enquanto a presença de sintomas depressivos aumentou em 1,05 vezes estas chances. 

Para a professora Tatiana, embora este estudo forneça insights valiosos sobre os desafios enfrentados pelos trabalhadores da saúde, principalmente aqueles na equipe de enfermagem, é importante lembrar que os comportamentos ofensivos fazem parte de um problema complexo e multifacetado que envolve pacientes, familiares, colegas de trabalho e supervisores.

“Como sociedade, devemos reconhecer que esses profissionais estão fazendo o melhor possível em um ambiente de trabalho muitas vezes desafiador. É vital que as instituições de saúde adotem medidas para prevenir tais comportamentos e apoiar os trabalhadores que são vítimas deles. Além disso, devemos desempenhar um papel na promoção de um ambiente de trabalho respeitoso e na compreensão das dificuldades enfrentadas por aqueles que cuidam de nossa saúde”, reforçou.

O estudo é um lembrete de que, para proteger a saúde dos profissionais da saúde, é necessário um esforço coletivo para criar um ambiente de trabalho seguro e saudável. E isso começa por entender e respeitar o trabalho árduo desses profissionais que estão na linha de frente, cuidando da população.

Por Fabrício Santos, da Assessoria de Comunicação da RLAE

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