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Estudo sugere uso de técnica milenar chinesa para reduzir dores crônicas em trabalhadores da saúde


Créditos da imagem: wavebreakmedia by Freepik
 
Auriculoterapia foi capaz de diminuir em 34% os incômodos na coluna de voluntários que participaram do estudo, contribuindo para a redução do consumo de remédios​
 
Dor crônica nas regiões musculoesqueléticas, como a coluna vertebral, é um problema comum entre os trabalhadores da área da saúde. Essa dor pode resultar em mudanças de comportamento, limitações físicas e até mesmo influenciar a qualidade de vida e o sono desses profissionais. 

Buscando estratégias para aliviar os dolorosos incômodos, pesquisadoras da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, estudaram junto a esse público a aplicação da auriculoterapia, técnica milenar baseada nos princípios da medicina tradicional chinesa que estimula, por meio de diferentes materiais, pontos específicos da orelha (auriculares) para tratar diversas doenças e desequilíbrios. Os resultados do estudo, publicado na Revista Latino-Americana de Enfermagem (RLAE), mostraram que o uso da prática foi capaz de reduzir em 34% a intensidade das dores crônicas na região da coluna de trabalhadores da saúde. 

A pesquisa faz parte da tese de doutorado da enfermeira Bruna Xavier Morais, que teve orientação da professora Tânia Solange Bosi de Souza Magnago, com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). 

O estudo foi realizado em um hospital universitário no Rio Grande do Sul e envolveu profissionais de saúde de diferentes áreas, que sofriam com dores crônicas na coluna vertebral. Ao todo, eles passaram por oito sessões de auriculoterapia, duas vezes por semana. No período, utilizou-se sementes de mostarda para estimular determinados pontos da orelha relacionados à dor, o que pode desencadear a liberação de neurotransmissores como endorfinas, substâncias que aliviam o incômodo e auxiliam no equilíbrio do organismo.

Durante e após o tratamento, a intensidade da dor foi avaliada usando diferentes escalas, e a qualidade de vida dos participantes foi medida por meio de um questionário específico. “Na avaliação após 15 dias de aplicação de auriculoterapia, observamos um efeito significativo no grupo que recebeu o tratamento, com uma redução de 34% na intensidade da dor em comparação ao grupo controle”, detalhou Bruna.

Segundo a pesquisadora, a aplicação da técnica também teve impacto positivo na qualidade de vida dos voluntários. Os níveis de energia e fadiga para o desenvolvimento de atividades (vitalidade) e a limitação por aspectos emocionais do grupo de profissionais que recebeu o tratamento apresentaram melhora. Outro resultado importante foi a redução do uso de medicamentos para alívio da dor entre os participantes que receberam a auriculoterapia, o que é muito relevante, uma vez que o uso excessivo de remédios pode causar efeitos adversos e danos ao corpo.

A dor crônica na coluna vertebral afeta a saúde e o desempenho dos profissionais, podendo levar ao afastamento do trabalho, sobrecarga para os demais colegas de serviço e aumento dos custos para as instituições de saúde. Com a redução da intensidade das dores, os trabalhadores poderão realizar suas atividades diárias com mais conforto e eficiência. Isso pode resultar no aumento da satisfação no trabalho e na redução do absenteísmo, contribuindo para a estabilidade da equipe de saúde e para a qualidade do atendimento prestado aos pacientes. 

“O tratamento se mostrou uma opção promissora para o alívio dessas dores na coluna vertebral dos trabalhadores da saúde. É uma terapia simples, de baixo custo e com poucos efeitos colaterais, que pode melhorar a qualidade de vida e reduzir a necessidade de medicamentos. No entanto, é importante salientar que mais pesquisas são necessárias para entender melhor os benefícios e mecanismos da auriculoterapia. A necessidade de mais estudos passa, principalmente, pela necessidade de avaliar os efeitos da auriculoterapia em diferentes populações e contextos, bem como investigar a melhor forma de aplicação da técnica (sementes, esferas metálicas, cristais ou agulhas)”, explicou a professora Tânia.

As cientistas reforçam que a auriculoterapia não substitui os cuidados médicos convencionais, mas pode ser uma opção complementar para o tratamento da dor musculoesquelética crônica. Sendo assim, é fundamental que os profissionais de saúde que se interessarem por essa abordagem terapêutica busquem capacitação adequada para aplicá-la de forma segura e eficaz. 

Bruna, que além de pesquisadora também é auriculoterapeuta, espera que, a partir das evidências científicas disponíveis na literatura com os benefícios da auriculoterapia, essa prática terapêutica se integre cada vez mais aos cuidados de saúde. “Não apenas para os trabalhadores da área, mas também para outras populações que sofrem de dor musculoesquelética crônica”, finalizou.
 
Por Fabrício Santos, da Assessoria de Comunicação da RLAE

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